quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Piece of me!

Acordei hoje, mais uma vez sem roteiro, e vários assuntos perambulavam na minha cabeça. Como tudo que é novidade nos motiva muito mais, já estava imaginando dentre todos os pensamentos qual merecia um espaço aqui no Blog. E, justamente o único em que não estava pensando foi o escolhido: Britney Spears.

Como ontem fui até o Parque Harmonia no Acampamento Farroupilha, tinha certeza que meus dedos percorreriam o teclado para comentar sobre a pequena ponta que fiz naquele cenário. E não poderia ser diferente, vou tecer breves palavras antes de discorrer sobre a "Senhorita Sonho Americano".

Minha passagem por lá não chegou a ser uma participação especial, porque preferi ser figurante naquele caso. Fiquei ali, assistindo a movimentação, o comportamento das pessoas, repensando sobre a tradição gaúcha e o sentido da tão esperada (por alguns) Semana Farroupilha. Tenho muito orgulho das minhas origens e de ser gaúcho, afinal, todos nós que nascemos no Rio Grande do Sul sabemos como é forte esse amor pela terra que nós desenvolvemos. Ninguém precisa nos ensinar, ele brota, germina sem precisar regar. É como se caminhássemos na rua com uma placa estampada no peito (estufado): ah, eu sou gaúcho! Mas, voltando ao acampamento e as comemorações festivas dessa semana, fico observando aquelas pessoas que durante um ano inteiro seguem suas vidas com trajes e vocabulário no padrão habitual dos dias atuais, e simplesmente, se descaracterizam e passam a falar "gauchês" e a se vestir com roupas típicas como se fossem as suas do dia-a-dia. Por uma semana, ou duas, vivem um personagem, como se representassem um antepassado. Todos são mais masculinos, com voz mais grave, com risadas altas, gestos largos, ou seja, mais "machos". E, na semana seguinte, estão com suas calças sociais, sapatos engraxados, camisa justa, gel no cabelo e falando num tom de voz brando. Chega ser engraçado, para não dizer hilário. Mas, como disse ontem a vida é um show e todos vivemos personagens, alguns com muito talento, outros nem tanto.

E, por falar em talento, volto ao tema central de hoje. Cheguei na Band cedo e enquanto lia meus primeiros e-mails liguei o rádio e tocava uma música da Britney, o seu último sucesso: Piece of Me (tradução: Pedaço de mim). Escutei e confesso que gostei muito da letra, acho que foi a mais genial da carreira dela, ou melhor, das pessoas que compõem para ela (Composição: C. Karlsson / P. Winnberg / K. Åhlund). A música fala justamente sobre "o personagem" da cantora e, em contrapartida, sobre a visão dela sobre ela mesma. É quase um deboche, pois comenta sobre os filhos, as quedas, as bebedeiras, as celulites, as doideras, os quilos a mais e a menos, enfim, todas as coisas que permearam os últimos anos da vida dela, enfatizando que faz todas essas coisas e mesmo assim as pessoas continuam querendo um pedaço dela.

Ela pode ter lá seu talento musical questionável, mas, se tem uma coisa que ela soube fazer muito bem foi viver o personagem, o furacão Britney Spears. De loirinha angelical à gostosona sexy, depois a careca drogada sem a guarda dos dois filhos e, por fim, a nova mulher, reciclada, linda novamente, madura, com novo repertório e a guarda dos rebentos de volta. E as pessoas continuam querendo saber sobre ela, querem mais um pedaço dela.

Agora que ela deixou de viver o personagem do "sonho americano" e estampou todos os seus defeitos e depois riu com eles, o mundo parece observá-la com outros olhos. Engraçado isso, muitas vezes, precisamos arrancar a máscara e mostrar tudo o que tem atrás dela, por pior que seja, ou por mais banal mesmo. Talvez seja o momento em que nos sentimos mais perto da redenção.


Até minha próxima hemorragia com as palavras...que medo! Será que alguém ainda vai querer um pedaço de mim???! Porque a Britney tá garantida!

2 comentários:

Fabio Avelar Friedrichs disse...

Deixo minha observação para dois pontos, tão próximos mas distantes.
1º Semana Farroupilha: semana de celebração a um momento de tanto orgulho. Comemorada por muitos, mas entendida por poucos, a maioria dos personagens que lá estão não tem idéia do significado nem do lenço que usam no pescoço. Mas mesmo assim, não posso deixar de admitir minha admiração especial pela data e seu significado, e sejamos sinceros, em vários momentos, todos, sem exceção, encenamos no dia a dia.
2º Tirar as mascaras: O que é a vida? Um grande baile de mascaras? Assumimos personalidades, posturas, posicionamentos. Vivemos para mostrar algo para os outros. Poucos são os que nos conhecem sem mascaras, muitas vezes nós mesmos não nos conhecemos assim.
Que revolta uhahauha Abraços

Héber Menger disse...
Este comentário foi removido pelo autor.